domingo, 18 de setembro de 2016

Seres do Mundo dos Encantados



Parte 2- Capelobos e Lobos Guarás

I - Capelobos



Segundo Câmara Cascudo (Geografia dos Mitos Brasileiros, “Ciclo dos Monstros”) o Capelobo é um animal fantástico, de corpo humano e focinho de anta ou de tamanduá, que sai à noite para rondar os acampamentos e barracões no interior do Maranhão e Pará. Denuncia-se pelos gritos e tem o pé em forma de fundo de garrafa. Mata cães e gatos recém-nascidos para devorar. Encontrando bicho de porte ou caçador, rasga-lhe a carótida e bebe o sangue. Só pode ser morto com um tiro na região umbilical. É o lobisomem dos índios, dizem. No rio Xingu, certos indígenas podem-se tornar capelobos.
Já segundo Lendas do Maranhão, de Carlos de Lima, o capelobo parece-se com a anta, mas é mais ligeiro do que ela, e tem cabelos longos e negros e as patas redondas. Sua caçada é feita à noite, quando sai em busca de animais recém-nascidos para satisfação de sua fome inesgotável. Se apanha qualquer ser vivente, homem ou animal, bebe-lhe o sangue com a sofreguidão dos sedentos. Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.
    Em Jupiro e o Mundo dos Encantados, os capelobos são uma raça de seres humanoides, inteligentes e capazes de assumir a aparência dos seres humanos e com eles se relacionarem.  Seus ancestrais selvagens se embrenhando nas matas escuras e intransponíveis, perderam o contanto com os seres humanos, tornando-se com o passar do tempo cada vez mais selvagens e sanguinários, muito próximos ao que as lendas sobre eles mencionam. 
       Os capelobos habitantes de Xuclotal, um dos reinos do Mundo dos Encantados, entretanto, tornaram-se criaturas civilizadas e de modos extremamente diferenciados. Em contato com os seres humanos, a eles se associaram afetivamente, mesclando seus genes, criando híbridos. Passaram a viver a maior parte de suas vidas ostentando a forma humana, pois transmorfos por natureza, eles têm a facilidade de se passarem facilmente por humanos. Uma raça guerreira e culta, que aprendeu a apreciar a beleza da forma humana e, por conseguinte, abdicar da própria aparência natural. Mas a selvageria original de seus antepassados não deixaria facilmente suas índoles e eles aprenderiam com o passar do tempo, a identificar nos seres que habitavam uma região próxima, os seus piores inimigos: os guarás,voltando a essas criaturas todo o seu furor. 


Vejamos o que diz uma mulher capeloba no livro : Jupiro e o Mundo dos Encantados
 (Parte I Moara – capitulo XV A História de Quetzal):
Capelobos são outros seres ou pessoas, pois, se relacionam com elas, falam como elas e se apaixonam também por elas. Como os homens, existem aqueles que são ruins e os que não são. Não nego que em alguns momentos de minha vida teria sido mais fácil se eu fosse totalmente humana como vocês. — Aqueles que ainda não sabiam que Tapira era um capelobo se olharam assustados. Diante deles a mulher deixara se revelar. Seu rosto adquirira uma aparência mista de mulher e anta. Em seguida voltando à forma humana, prosseguiu: Meu pai era um capelobo, minha mãe, humana. Não nego que haja muitos capelobos selvagens e ferozes, estes se distanciaram do contato com os homens. Vivendo nas profundezas das matas, passaram a agir como feras.




    Tapira, do Mundo dos Encantados, exibindo a face de capeloba.



          II- OS  GUARÁS




        Os guarás, lobos gigantes de Popalla, a primeira vista, poderiam ser considerados homens lobos ou lobisomens e com eles confundidos. Mas trata-se de uma raça de valentes guerreiros, que também tendo a capacidade de transformar seus corpos, oscilam entre a forma humanoide e a lupina, que seria a do lobo guará, propriamente dita. Os guarás seriam o inverso do lobisomem, pois ao inverso deste, não são homens que adquirem a forma de uma fera, mas de lobos que assumem a forma de homens, ou quase homens. Nessa forma viveriam a maior parte do tempo quando em suas casas, em suas aldeias ou cidades típicas, desenvolvendo as mais diversas atividades. Quando na mata,  correriam livres e destemidos pela floresta, na forma de genuínos lobos.
Habitantes de Popalla, o Reino dos Guarás, aprenderam a conviver pacificamente com outros seres do Mundo dos Encantados, incluindo as mulheres abelhas da Colmeia, os botos e as ninfas de Nhandeara, o Reino das águas de Iara. Seus inimigos, como já mencionado,  seriam os capelobos, que astutos, por diversas vezes tentaram tomar-lhes o reino e escravizar a sua raça. Também jamais se sentiram confortáveis com os homens serpentes, habitantes do Vale de M’Boi, região governada pelo sinistro Boiuna, o pai das cobras. Mas isso é história para outra ocasião.

                            
              Soldado Guará na forma humanoide.
  O Guará  Negro, um verdadeiro Lobisomem ?

        

        No livro Contos Sinistros (Alexandre Menphis — Amazon) o conto intitulado: O Guará Negro relata a história de Potyara, uma jovem indígena que é perseguida e molestada por uma horrível criatura parecida com um lobisomem. Na verdade, um ser humano possuído pelo espírito de um Guará Negro, um híbrido de lobo-guará com Capelobo e voltado totalmente às forças trevosas.

     Abaixo , segue um trecho , incluindo a descrição do que seria a fera terrível:

"Um grito interrompera a fala do chefe, diante dos olhares atônitos, o homem começou a modificar sua aparência. As orelhas começaram a crescer e tufos de pelos negros cobriram seu corpo. Era um quadro aterrador. A gritaria fora geral. A criatura se esticava e se contorcia. Uma baba descia pela boca, que se escancarara em proporções assustadoras e olhos vermelhos sanguinolentos pareciam que iriam saltar da face. Tufos de pelagem vermelha cingiam-lhe o pescoço, formando uma espécie de juba que descia pelas costas até a cauda. O corpo do xamã havia triplicado de tamanho. Era agora uma fera dantesca e assustadora, o Guará Negro."
     
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